segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Crítica ao filme "The Kids Are All Right", by Shinobi

"The Kids Are All Right", ou "Os Miúdos Estão Bem", é provavelmente a maior surpresa dos oscars para este ano. Este filme aparece nomeado na categoria de melhor filme, onde "supostamente" estariam os 10 melhores filmes do ano. Será que isso que se passa? Vamos ver...

A história gira em torno de uma família um pouco menos normal que o habitual. Um casal de lésbicas, Jules (Julianne Moore) e Nic (Annete Bening), estão a criar 2 jovens adolescentes, Laser (Josh Hutcherson) e Joni (Mia Wasikowska). Cada uma das mães deu à luz uma das crianças mas o dador de esperma foi o mesmo, o que faz deles meio-irmãos. A vida é calma e feliz nesta família de classe média-alta. Nic é médica, enquanto Jules ainda não sabe bem o que fazer... de momento explora a arte da jardinagem paisagística (não sei o termo correcto para landscaping em português :S). Tudo corre bem até que este equilíbrio é perturbado.


A certa altura, as crianças, curiosas, descobrem quem é o seu pai biológico. Assim que o conhecem, toda uma nova e estranha relação começa a ganhar dimensão. E embora, as mães não proíbam este relacionamento, antes pelo contrário, começam a sentir que algo na sua família se está a transformar e que estão a perder os filhos. Paul (Mark Ruffalo), o pai das crianças, é aquele homem de meia idade, hippie que gere um pequeno restaurante de comida orgânica, produzida na sua quinta orgânico, nunca se casou, não tem outros filhos e acha tudo "fixe". Desde conhecer os filhos, saber o tipo de família que têm, convidá-lo para jantar, etc... tudo está bem. E porque não?? É este tipo de pessoa que vem despertar a crise de meia idade, naquela que, até ao momento, parecia ser uma família equilibrada. 


O filme centra-se neste casal lésbico, mas no entanto, não é sobre isso que se trata. O filme tanto podia ter um casal lésbico como um "normal". O que se discute aqui é o casamento em si, e as dificuldades que se tornam cada vez mais presentes ao fim de anos e anos com a mesma pessoa. É um compromisso enorme que cada um tem de fazer.

A realizadora / escritora deste filme é Lisa Cholodenko, que muitos de vocês devem conhecer como a realizadora de "The L Word", série de televisão bastante popular que explora o mundo lésbico. O que a realizadora tenta mostrar neste filme é quem as pessoas são. As estupendas actrizes deste filme mostram um casamento de 20 anos, com todas as suas sombras e segredos, compromissos e idealismos. Sendo pessoas diferentes, Nic e Jules têm alguns excelentes diálogos, convincentes e inteligentes. E conseguiram criar, fora de um ambiente homofóbico, um casal de jovens perfeitamente adaptados. Isto é o que se procura mostrar neste filme. Em tempos como os de hoje, um casal menos tradicional, não está condenado ao falhanço e consegue tal e qual como os outros, criar jovens adolescentes que sejam pessoas íntegras e estáveis. 

As performances dos actores são sólidas ao longo do filme. Mia Wasikowska, embora tendo menos tempo de performance, consegue fazer um papel mais talentoso do que a sua oportunidade em "Alice in Wonderland".

De referir também que este filme e o primeiro filme que aborda o tema do casal lésbico a educar crianças próprias. E talvez por isso, juntamente com as excelentes actrizes, mereça um reconhecimento por parte da academia. Não é certamente um candidato a ganhar a estatueta dourada, mas só a nomeação já é uma vitória.

Volto ainda esta semana com mais algumas análises aos candidatos dos Oscars 2011.

Abraço,
Shinobi

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